Em Portugal todos lamentam,
todos reclamam, todos agonizam…Todos temem pelo amanhã! A (aparente) segurança
económica e social que alimentou a população nos últimos anos morreu e passamos a viver num país estagnado que já não
crê em milagres!
A História mostra-nos que
as crises são cíclicas. Quem não se lembra de ouvir histórias de dificuldades económicas
vividas em diferentes momentos, por diferentes famílias?
Sabemos que nas primeiras
décadas do século XX o trabalho era muito mal pago, não se faziam contratos que
assegurassem a continuidade da carreira nem existiam mecanismos que permitissem
subsistir sempre que ocorria o acidente, a doença, a velhice, o despedimento ou
as quebras de consumo. Mas isso é passado!
Depois disso, deixaram-nos
sonhar e de repente fazem-nos voltar ao mundo oitocentista em que a pobreza se podia
classificar em três tipos. Ora vejam:
Grupo
de Pobreza I – pobres
por incapacidade de prover ao seu sustento: crianças, deficientes, doentes,
velhos e presos;
Grupo
de Pobreza II –
pobres, aptos para o trabalho mas impossibilitados de assegurar a sua
subsistência e a da família: desempregados, viúvas e trabalhadores com família
numerosa;
Grupo
de Pobreza III –
gente com aptidão para trabalhar mas pobres porque voluntariamente são ociosos:
falsos pedintes, vagabundos e “pobres envergonhados".
Era assim no século XIX! O
que mudou desde então? Podemos aplicar a mesma tipologia de pobreza ao país
atual?
A mendicidade era uma
constante e hoje a História repete-se. A mendicidade aumenta, bem como os “pobres
envergonhados”, aqueles que tendo vivido na abastança perderam as suas fontes
de rendimento e por razões socioculturais não se atrevem a mendigar…pelo menos
de forma objetiva.
E como alternativa à
crise, na ânsia de sobreviver com dignidade começamos a ver gente que regressa
ao passado revalorizando a agricultura, recorrendo a artes e ofícios quase
extintos, aplicando em casa formas antigas de poupança, desfiando
desesperadamente a imaginação e a criatividade à espera de tempos melhores. É
este o lado positivo da crise!
Fonte: Fátima Sousa
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