quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A CRISE ONTEM E HOJE: os pobres envergonhados



Na ordem do dia está a palavra crise!
Em Portugal todos lamentam, todos reclamam, todos agonizam…Todos temem pelo amanhã! A (aparente) segurança económica e social que alimentou a população nos últimos anos morreu e  passamos a viver num país estagnado que já não crê em milagres!
A História mostra-nos que as crises são cíclicas. Quem não se lembra de ouvir histórias de dificuldades económicas vividas em diferentes momentos, por diferentes famílias?
Sabemos que nas primeiras décadas do século XX o trabalho era muito mal pago, não se faziam contratos que assegurassem a continuidade da carreira nem existiam mecanismos que permitissem subsistir sempre que ocorria o acidente, a doença, a velhice, o despedimento ou as quebras de consumo. Mas isso é passado!
Depois disso, deixaram-nos sonhar e de repente fazem-nos voltar ao mundo oitocentista em que a pobreza se podia classificar em três tipos. Ora vejam:
Grupo de Pobreza I – pobres por incapacidade de prover ao seu sustento: crianças, deficientes, doentes, velhos e presos;
Grupo de Pobreza II – pobres, aptos para o trabalho mas impossibilitados de assegurar a sua subsistência e a da família: desempregados, viúvas e trabalhadores com família numerosa;
Grupo de Pobreza III – gente com aptidão para trabalhar mas pobres porque voluntariamente são ociosos: falsos pedintes, vagabundos e “pobres envergonhados".
Era assim no século XIX! O que mudou desde então? Podemos aplicar a mesma tipologia de pobreza ao país atual?
A mendicidade era uma constante e hoje a História repete-se. A mendicidade aumenta, bem como os “pobres envergonhados”, aqueles que tendo vivido na abastança perderam as suas fontes de rendimento e por razões socioculturais não se atrevem a mendigar…pelo menos de forma objetiva.
E como alternativa à crise, na ânsia de sobreviver com dignidade começamos a ver gente que regressa ao passado revalorizando a agricultura, recorrendo a artes e ofícios quase extintos, aplicando em casa formas antigas de poupança, desfiando desesperadamente a imaginação e a criatividade à espera de tempos melhores. É este o lado positivo da crise!
Fonte: Fátima Sousa

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